quarta-feira, 18 de abril de 2012

Classificados de 1929: Piolin e Cornélio Pires lado a lado

O ano de 1929 foi decisivo para o país por conta da quebra da Bolsa de Nova York, que seria a pá de cal no poderio da oligarquia rural cafeeira. Foi também um ano decisivo para a cultura popular. Especialmente em São Paulo, foi quando o palhaço Abelardo Pinto Piolin atingiu o auge de sua carreira no picadeiro do Circo Alcebíades, montado no Largo do Paissandu desde 1925, consagrando as farsas que o celebrizaram por toda a vida. Entre elas estavam sua original Do Brasil ao Far-West, em que se introduzia num saloon de faroeste de cinema para apresentar suas estrepolias mímicas, e a consagrada O morto que não morreu, clássico do circo-teatro, encenada à exaustão por quase todos os circos que atuaram no Brasil no século 20. Também naquele 1929 nasceria o gênero da música caipira, muito por insistência do tietense Cornélio Pires, que levou a ideia à gravadora Columbia, foi rechaçado, insistiu, foi-lhe pedida uma fortuna para pagar a impressão dos discos, e ele bancou do próprio bolso. Juntou os bolachões e foi para o interior vender. Para sua própria surpresa, a tiragem inicial foi pouca. Logo voltou à Columbia e o susto dessa vez foi dos ingleses que não acreditavam que música rural venderia no Brasil. Pois não é que um anúncio na seção de Classificados do jornal O Estado de S. Paulo em 16 de março de 1929 aparecem, lado a lado, os dois personagens deste post e objetos de pesquisa deste pesquisador?! Cornélio anunciando para brevemente a sua série de discos da "Turma Caipira", e Piolin estrelando ao lado de Alcebíades a farsa O morto que não morreu... Para comprovar, segue a imagem do microfilme, de pesquisa realizada pela aluna de História da FFLCH e pesquisadora do NPCC, Audrea Santana.

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