segunda-feira, 26 de março de 2012

O balaio do Balaio Brasileiro


Nesse balaio cabe coco, cabe João Pacífico, cabe xote, cabe banho de cheiro, plantinha do mato, crenças, costumes, raízes, folhas e tronco. Enfim, como num livro de Câmara Cascudo ou de Oswaldo Xidieh, há de tudo um pouco, mas com muita musicalidade. Com espetáculo novo, formação nova, concepção inovadora e muito mais experiência, o grupo Balaio Brasileiro, de São Bernardo do Campo, levou ontem o espetáculo "Mais leve que o tempo" no Teatro Lauro Gomes, na sua cidade. Formado por Amanda Martins (violão, viola, cavaquinho, percussão e voz), Quel de Souza (voz), Julius Gonçalves (voz, flauta, gaita e violão), Patrícia Magalhães (flauta e clarinete), nossa querida amiga Renata Sales (voz, flauta e percussão) e Eder Rocha (percussão), o grupo montou um espetáculo coeso, com repertório ajustado ao que propõe: mostrar a leveza do tempo, um tempo que não é o do relógio, mas o das estações, dos ciclos naturais. Aliás, é o que causa estranheza inicial ao apressado ouvinte, hoje empurrado para os compassos acelerados da chamada "Música Pra pular Brasileira". Duas ou três músicas depois, esse mesmo ouvinte é levado de volta ao tempo em que as coisas tinham tempo para acontecer. Enfim, é um resgate do "ouvir música", que hoje se tornou tão raro tamanho é o ruído que nos absorve na rua, em casa, nos elevadores, nos consultórios, no carro. O destaque dos arranjos ficam para o Xote, de Gilberto Gil e Rodolfo Stroeter, De papo pro á, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano, e Banho cheiroso, de Antonio Veira. Para ficar atento aos próximos shows do Balaio Brasileiro, é bom visitar regularmente seu blog, que pode ser visitado clicando aqui.


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