quinta-feira, 22 de março de 2012

A escola privilegiada de Rodrigo Mattos

Quando bati na casa simples na zona Leste de São Paulo, quase ABC, em Sapopemba, o jovem rapaz desceu a escada da frente vestido a caráter: botas pretas, calças jeans, camisa estilosa. Parecia sertanejo, até ele sentar no sofá da casa da sua tia, onde me recebeu, pegar a viola e riscar os primeiros acordes. Era Tião Carreiro puro, até no timbre da voz. Respondia às minhas perguntas, mas queria mesmo era tocar e cantar. Tinha acabado de lançar Juventude da Viola e acabou me convidando para comer, no domingo, a leitoa que aguardava, quietinha, no grande freezer da casa. E lá fui eu, acompanhado das gêmeas Célia e Celma. O encontro foi interessante, uma verdadeira festa para mim, que estava concluindo uma pesquisa sobre a música caipira, mas que só seria publicada dali a seis anos. Estavam lá também Téo Azevedo e Cacique e Pajé, sendo que na época, quem atendia pela alcunha de Pajé era o Índio Cachoeira, que depois deixou a dupla. Ah, e o menino talentoso, no centro das atenções: com 18 anos, o violeiro Rodrigo Mattos. Mantinha uma mistura de respeito aos mais velhos e uma curiosidade de aprender, aprender, aprender. Usando sempre o ouvido. Foi assim que conseguiu tirar na viola as modas de Tião Carreiro que ouvia nos discos. Hoje o garoto já chegou aos 30 e consolidou uma carreira. Rodou a Europa com sua viola, montou diversas duplas. Divide agora os palcos com Praiano. Continua caipira, graças a Deus. E pensar que, na adolescência, pediram que ele gravasse rap... Depois dizem que é a pirataria que está ameaçando a música brasileira!

Um comentário:

Daniel Mendes disse...

muito bom esse pout-pourri!cacique e pajé e téo azevedo!só nego da pesada!