terça-feira, 13 de março de 2012

Nerival Rodrigues: cores e simplicidade

Quando ainda morava em Mogi das Cruzes e viajava diariamente no chamado "trem dos estudantes" para São Paulo, conheci uma figura que me surpreendeu pela simplicidade e pela forma com que construiu uma carreira nas artes plásticas mesmo tendo trabalhado até os 16 anos na roça, em Garanhuns, Pernambuco. Neri domina o que estranhamente chamam de "art naïf", mas que pra mim é primitivismo mesmo. Aliás, nem isso. É arte popular na coloração, nos temas, na simplicidade e, especialmente na emoção que transmite. Como vive há mais de 40 anos em Mogi, boa parte dos seus temas envolvem as festas populares da cidade. A outra parte trata de fartura: colheitas, festas juninas, plantações. Tive nova surpresa ao visitar seu ateliê certa ocasião. Para trabalhar, Neri ouvia antigos discos em vinil. Música popular? Não, Bob Dylan! Aliás, sua grande paixão musical. Enfim, a mim ele emociona, pois toca minha identidade com as imagens mais mogianas que posso imaginar, e vão além das minhas divagações juvenis... Estão lá as igrejas de São Benedito, do Carmo, as congadas, os moçambiques, a Serra do Itapeti. Talvez na forma que minhas lembranças ainda guardam, pois a atualização dos mesmos cenários os mostram embaçados pelas torres que a burguesia local insiste em erguer, ato incompreensível numa cidade como Mogi. Bom, vamos a algumas dessas imagens.

 

 

 

Nenhum comentário: