"Eu concordo, contra a censura. Contudo, não é um triste sinal dos tempos que hoje, quando se elogia a liberdade de expressão, seja para tolerar o discurso vulgar, preconceituoso, que rebaixa o nível do convívio social - e não mais para criticar o que existe de errado, apresentar utopias, fazer a razão sonhar?"
E conclui: "Mas o que me entristece é ver que hoje se valoriza cada vez mais o vulgar, o reles. Anos atrás, esperávamos que a liberdade gerasse o bom e o ótimo. Agora, parece que o reles é a essência da liberdade, seu produto mais constante, talvez mais importante. Só posso dizer que lastimo esse estado de coisas."
A partir dessa reflexão - da qual corrobora o historiador George Minois, autor de História do Riso e do Escárnio -, pelo menos no sentido da perda de referências para o humor e as motivações justificáveis para o riso, chegamos a outro nível de reflexão. Muitos estudiosos estão concluindo que o que justifica o riso é a sociabilidade. Ou seja, se ri porque se ri junto. Bom, se considerarmos essas duas questões: o riso se justifica na sociabilidade mas o humor está perdendo suas referências, inclusive contrapondo estratos sociais em nome do preconceito, então há um desafio a ser vencido por aquele que se alista entre os humoristas atuais: além de encontrar as referências do fazer rir, é preciso promover a volta da sociabilidade. Ou seja, os tempos atuais requer um profissional comprometido socialmente. Será que encontraremos isso no formato que mais se expande nos meios de entretenimento brasileiros, o stand up? Acompanhemos.
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