quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Peças encenadas por Piolin lidas após mais de meio século!

Um grupo inibido iniciando os trabalhos reproduzindo o cajado de Moliére com palmas e... está aberta a temporada de leituras das comédias, farsas, chanchadas, brincadeiras, encenadas por palhaços, especialmente por Abelardo Pinto Piolin! O começo, como todo começo, é comedido... O texto é Que rei sou eu? de Olindo Dias Corleto, encenado em 1946 no Circo Piolin, montado na av. General Olímpio da Silveira. O Piolin de hoje se apresenta e fica no aguardo do seu personagem entrar, o que só ocorre lá pela terceira página. Enquanto isso, ministro e secretário discutem as leis e o casamento da princesa, defendida pela Gabriela Winter. Verônica faz a dama que tenta, a peça toda, ler seus versos à princesa, mas esta está mais preocupada com seu amor impossível pelo secretário. Até mesmo eu acabei fazendo um morto-vivo, o Marquês, aparição meteórica na peça. Eis que surge Piolin. Quer ver o rei. A qualquer custo. Desacata o ministro, zomba da lataria dos soldados, percebe logo o teretetê da princesa com o secretário, mas quer ver o rei! Não consegue se apresentar, não tem credenciais - só um carnê dce racionamento e a última aposta no bicho - até que a situação se radicaliza e os carrascos são chamados: vão executá-lo! Providencialmente, o rei é anunciado. Claro que Piolin cairá nas suas graças e acabará propondo o impensável: ser rei por duas horas e resolver as pendengas do reino. E assim o faz! Brasileiríssimo, como definiria qualquer um dos modernistas. O grupo se descontrai, ri, pronuncia as palavras difíceis com cuidado, dá personalidade vocal aos personagens. Constrói-se uma certa unidade. Tanto que, na segunda leitura, a de Piolin, afinador de pianos, de Tom Bill, mesmo com a cópia ruim do texto, que exige atenção e causa tropeços nos leitores, ninguém pensa em desistir: vamos até o final! Trocam papéis, lêem aqueles que entendem melhor. E surge aí um texto mais circense. O afinador que chega na casa da família rica para preparar o instrumento para o sarau, que receberá, desafortunadamente, 13 pessoas! De uma hora para a outra Piolin vira o Comendador Casca, para compor a mesa e ser o 14. Mas nem tudo é moleza. De repente um não aparece e o Comendador perde a cadeira. Piolin se enfurece e grita: "Eu sou socialista! Sou bolchevique! Sou revolucionário!" Que nada. Acaba a peça rico, casado com a filha do dono da casa e com emprego! A noite chegou sem que todos notassem. Uns têm hora para ir. Outros têm pena de ir. Enfim, demos a partida! (Fotos do Centro de Memória do Circo)



 

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