sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Adauto Santos toca seu Triste berrante

Há pessoas que o tempo não permite que com elas dividamos alguns momentos antes que ela parta e cumpra sua outra jornada. Uma dessas pessoas foi Adauto Santos. Por anos cultivei o momento de entrevistá-lo para o livro Moda Inviolada. Estive bem próximo disso, pois na época Valmir Santos, hoje crítico teatral, ensaiou algumas vezes um encontro para isso. Mas o tempo se apressou e logo ele se foi, deixando o legado o som de seu Triste berrante. Inserida na trilha da novela Pantanal, a moda teve a sorte de nascer já um clássico caipira, como se tivesse sido composta há pelo menos três ou quatro décadas a partir de uma sonoridade muito nostálgica. Adauto começou cantando sambas mas foi pioneiro em levar a viola para boates paulistanas na década de 1960, entre elas o Jogral, de Luís Carlos Paraná, também frequentada por Paulo Vanzolini e Théo de Barros. A transição de um gênero a outro se deu, conta-se, a partir de uma noite em que, no bar Telecoteco da Paróquia, no Bixiga, viu Inezita Barroso cantando a sua Moda da Pinga. Foi um contágio definitivo. Com voz vibrante e firme, uma sonoridade invejável, chegou a compor com o mestre dos mestres caipiras, João Pacífico, com quem fez Juca. Dois anos antes de morrer, em 1997, gravou Tocador de vida e de viola, com clássicos caipiras tocados num instrumento rústico, feito a canivete, e no violão - Adauto fez os dois instrumentos e as duas vozes da dupla caipira. Numa semana que começou com Elomar, nada como fechar com a nostalgia de Santo Adauto!

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