sexta-feira, 9 de setembro de 2011

E o pato caiu... ou Uma piada de 200 anos

O circo não muda, o que muda é o público. A opinião é do empresário circence Francisco Honório Rodrigues. Se pensarmos nas entradas dos palhaços, aquela breve cena de dez, quinze minutos, chegaremos à mesma conclusão. Elas se repetem há pelo menos duzentos anos, quando tal dramaticidade se formou e passou-se a criar um repertório oral, que passa de geração a geração e é o grande tesouro pessoal de cada palhaço. Entretanto este não se limita a reprisar e reprisar automaticamente essas cenas. Obedecendo sua estrutura dramática, ele dá seu tom pessoal, imprime sua comicidade, usando para isso, na maior parte das vezes, o improviso.
O palhaço Pururuca (Brasil João Carlos Queirolo) apresentou, há um ano, no Centro de Memória do Circo, a entrada Caçador de patos, depois reencenada pelos Jovens Palhaços dos Doutores da Alegria, que a incorporaram ao repertório do recém-criado Grupo Reprises, que encena a peça Alegria do circo. A entrada trata de um "pega-trouxa". Um palhaço começa a contar uma história infinita, pega uma cadeira e deixa o ouvinte em pé, até que este pede para sentar. O truque é colocar a cadeira deitada, com o apoio servindo de assento e o encosto como um segundo assento. Ou seja, transformar uma cadeira em duas. Claro que um dos personagens precisa estar sentado para que o outro não caia. Daí ao "pega-trouxa". Entretendo o interlocutor com a história da caçada - de um pato - na hora do tiro, o palhaço se levanta e o outro vai ao chão.


Eu já havia assistido a entrada na TV, durante a minha infância, protagonizada pelo mesmo Pururuca, mas com seu pai, Torresmo, no comando da ação. Torresmo (Brasil José Carlos Queirolo) foi o primeiro palhaço a estrear na televisão, em parceria com Fuzarca (Albano Pereira Neto). Uma dupla que traz consigo uma grande tradição circense - a dos Queirolo (Espanha) e dos Pereira (Portugal). Antes de Torresmo havia seu pai, Chicharrão; e antes de Fuzarca, havia seu pai, Alcebíades, e seu avô, Albano. Certamente essa entrada veio dessas antigas gerações, e de outros continentes. Bom, encurtando o caminho: na semana passada, pesquisando alguns postais portugueses do início do século XX, me deparo com este, que mostro a seguir. A imagem, claro, prescinde de algum comentário...

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