terça-feira, 16 de agosto de 2011

Bob Nelson, o cowboy acaipirado

"Na minha fazenda tem um boi/esse boi se chama Barnabé/Sabe, moço, ele anda se babando/pela minha linda vaca Salomé..." A mistura do ritmo de marchinha carnavalesca com o galope rancheiro que tem origem na música rural americana, é contrastante mas alegre. Aliás, a referência é essa mesma, pois o magro cantor com seu fino bigode, veste um chapéu de aba larga, camisa xadrez, calça de brim e um lenço no pescoço. Ele é Bob Nelson, campineiro que foi parar na rádio Tupi e, em 1943, numa apresentação ao general MacArthur, idelizada por Assis Chateaubriand, vestiu-se daquela forma para cantar uma particular versão do clássico Oh, Susana. Se o general gostou de fato ou não da paródia, nunca vai se saber. Mas a figura do vaqueiro estilizado a cantar sagas de bois, vacas e cavalos, usando o mais genuíno humor caipira, deu certo! Nelson Roberto Perez - seu nome verdadeiro - criou um estilo único: o vaqueiro que, numa certa altura da música, empregava o yodel (canto tirolês)!!! A influência veio do filme Idílio nos Alpes (1939, direção de Irving Cummings) e acabou nas músicas porque Bob decidiu incorporar uma brincadeira que fazia com os amigos de juventude pelas ruas de Campinas. Quando se encontravam saudavam-se em ritmo tirolês... Fez carreira nos cassinos cariocas - levado pelo ator e diretor Ziembinski... - e depois na Rádio Nacional, sempre fiel ao estilo e acompanhado pelo grupo Os rancheiros, tendo influenciado toda uma geração de músicos, entre eles Roberto Carlos. Este afirmou em entrevista ter incorporado as botas e os cinturões da Jovem Guarda a partir da figura de Bob Nelson. Enfileirou sucessos impagáveis, risíveis pela simples leitura de seus títulos: Meu cavalo pangaré, Como é burro o meu cavalo, Eu tiro leite (frase que sonoramente se assemelha ao canto tirolês), e A valsa do vaqueiro. Morreu em 2009, com 90 anos.

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