segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Os palhaços menestréis

Dizem que Polydoro foi um dos primeiros. Pelo menos a alcançar sucesso e reconhecimento se apresentando munido de um violão e cantando para cançonetas, modinhas e lundus o público. Português, José Manoel Ferreira da Silva, de tanto imitar o General Polydoro da Fonseca Quintanilha Jordão acabou roubando-lhe o nome, como conta Alice Viveiros de Castro em seu livro Elogio da bobagem (Família Bastos Editora, Rio Claro-SP, 2005). Viveu no século 19 e morreu no início dos 20. Teve por clown Benjamim de Oliveira, seu continuador, embora os méritos circenses deste o levassem a formatar um novo gênero teatral, gestado durante a Belle Époque: o circo-teatro, que confecciona artesanalmente até 1910, quando estrela A viúva alebre, de Franz Lehar, em versão cantada e dialogada. Deixou registros em disco, assim como Dudu das Neves (Eduardo das Neves, na foto), negro como Benjamim, e sempre acompanhado por seu "choroso violão". Dudu, descoberto pela Casa Edson, esta responsável por introduzir no Brasil a gravação em cilindros de cera, deixou inúmeras gravações. Aliás, foram esses palhaços menestréis as vozes impressas nos primeiros fonogramas nacionais. Dudu compôs, ao lado de Mário Pinheiro (ex-palhaço), Cadete e Bahiano, o grupo pioniero de cantores contratados pela casa de discos de Frederico Figner. A consagração das duplas e do circo-teatro acabaram levando o palhaço menestral na roda d´água do tempo. Mesmo assim, os grandes palhaços modernos deixaram seus registros, na maior parte das vezes no gênero da marcha carnavalesca, entre eles Arrelia, Carequinha, Torresmo e Fuzarca, entre outros. Enfim, um subgênero que merece post só dele: o das marchas de palhaços.

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