segunda-feira, 25 de julho de 2011

Por que gostamos tanto de circo?

Desde que o circo chegou ao Brasil, em meados do século 19, não houve circense que não tivesse ouvido a máxima: "o circo está morrendo". Embora o período de ouro do circo clássico, que se encerra com o século 19, tenha precedido o período de ouro do circo-teatro, que alcança seu auge na década de 1940, e este precedido o período dos circos de revista (os grandes circos com animais, hoje extintos), numa sussessão de ondas,  durante todo o tempo se temia o fim do espetáculo no picadeiro. Por que? Ora, o circo sempre viveu no limite das manifestações culturais, fossem elas oriundas do universo da alta cultura (como a cavalaria, por exemplo), ou da cultura popular (a arte mambembe e o circo-teatro, que se estabiliza a partir do melodrama). Por isso sempre pareceu estar no fim, mesmo quando ensaiava um recomeço... E não é que, quando todo mundo achava que os meios de comunicação haviam engolido as artes circenses, surge uma nova onda, impulsionada pelo Cirque de Soleil, que contagia jovens de todas as classes sociais a procurarem conhecer e a dominar tais artes em pleno século 21? Enfim, vale o que me disse em entrevista o empresário de circo Francisco Honório Rodrigues:

"O circo é uma tradição. O que se renova é você, quando assiste. Quando vê um trapézio... [e fica maravilhado com a habilidade do trapezista]... É você que se renova. O circo não se renova. Ele é sempre aquilo. A força do circo sempre foi a renovação da sua plateia. Você sabe que o cara vai saltar, dificilmente você ouviu falar que alguém caiu, mas você fica... aquela tensão, sempre. O palhaço, então, você está careca de ver ele fazer aquilo, as entradas, as reprises, são muito manjadas."

Portanto, o que mudam são os olhos e a alma de quem se deixa levar pelo sublime (as artistas que demonstram suas habilidades físicas) e pelo greotesco (o humor do palhaço)... Na foto, a trapezista do filme Asas do desejo (1987), de Wim Wenders: o sublime voando sobre a cabeça dos anjos.

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