terça-feira, 26 de julho de 2011

Os Mutantes e Tonico e Tinoco juntos???


Sim, foi em 1970. Num projeto patrocinado pela Rhodia, que na época conduzia uma das mais badaladas feiras de moda do país, a Fenit (Feira Nacional da Indústria Têxtil), Os Mutantes, síntese do melhor do rock nacional - contrastava com a ingenuidade do iê-iê-iê - e a tradição da música caipira, corporificada pela dupla Tonico e Tinoco, não só se encontraram como arriscaram cantar juntos. Aliás, o grupo de rock já havia flertado com a música caipira ao verter a letra de Tom Zé, 2001, num dueto no estilo do tradicional canto de duas vozes das duplas como Tonico e Tinoco, isso dois anos antes. Quem não se lembra do "astronarta libertário"...? Mas o evento da Rhodia acabou rendendo ainda um LP, mas sem a participação dos cinco (três mutantes e dois caipiras). O maestro Rogério Duprat, que havia dado o tom dos discos tropicalistas, entre eles o grande marco Panis et Circensis (1968), que reunia Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Mutantes, Tom Zé e Torquato Neto assumiu o desafio encomendado pela Rhodia de lançar um disco para popularizar a música country no Brasil (duas décadas antes de Chitãozinho e Chororó!). O arranjo de base do LP Nhô Look era com teclados e guitarras, discretos, acompanhados por uma orquestra e um coro. O repertório vinha parte da essência caipira, como Tristeza do Jeca, ou de outras misturas, como o valseado Beijinho doce e o abolerado Boneca cobiçada. Todas recheadas de clichês da música country. Mas, o que era para ser um disco de massa, foi um fiasco. Hoje se percebe que o que faltou foi justamente o canto em dupla, que mais tarde conquistaria a classe média, objetivo não alcançado do projeto Nhô Look. Restou a sensação de que Duprat queria era mesmo fazer uma homenagem ao gênero popular e não interpretá-lo a partir da referência do country. Felizmente, tanto Os Mutantes quanto Tonico e Tinoco prosseguiram com seus públicos cativos enquanto produziam seus gêneros de origem. E o country teve de esperar até a década de 1980, quando contaminou de vez o jeito de cantar dos artistas sertanejos e hoje avança nas vozes das chamadas cantoras populares, independentemente de seu gênero de origem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa, que história...
Essa eu não sabia...
Pp