"Quando eu fazia Madalena, a virgem apedrejada, toda terça era aquele espetáculo... Eu fazia a filha da Madalena, com 7, 8 anos, e o que acontecia? Eles punham fogo na primeira comunhão da menina porque a Madalena tinha uma raiva porque não sei o que aconteceu lá, e eu sei que a menina pegava fogo na hora da primeira comunhão. E eu fazia essa menina, a roupa era de algodão, não pegava o fogo em mim, então tinha uma de tule em volta assim, com papel crepom, depois uma canaleta com querosene, que eles punham fogo, mais uns holofotes de celofane vermelho, que imitava fogo. O fogo era colocado mesmo, estava lá o fogo e eu pegava fogo, fingia, gritava que tava queimando, mas o meu pai, do lado direito, e o contra-regra, ficavam com dois baldes d´água, qualquer eventualidade me molhariam. Eu confiava desconfiando. Enquanto o público estava naquele nervoso, quando eu olhava e via o meu pai com aquele balde d´água, eu tinha vontade de dar risada. (...) Como é que pode ser normal uma criança que sabe que vai ser queimada? Eu ficava uma semana sem dormir! Só de anunciar: terça-feira, Madalena... eu já não dormia! Eu não podia ser uma criança normal... Eu via todos os truques do mágico e não podia contar pra ninguém! As crianças queriam saber, perguntava, e a ética não permite!" (Depoimento dado durante os encontros do projeto "Entre risos e lágrimas - O teatro no circo (da pantomima aos dramas)", em outubro de 2010.)
Apesar de tudo isso Vic foi em frente, e mesmo a contragosto do pai, Humberto Militello, o palhaço Xororó, ótimo ator de circo-teatro, foi fazer comédia e marcar a memória dos que a viram no teatro e na TV em papéis impagáveis. Agora ela quer resgatar o repertório clássico de circo-teatro encenado por seu pai em encontros que acontecerão na Oficina Cultural Amácio Mazzaropi, a partir de 8 de agosto, das 18h às 20h. Uma ótima oportunidade para conhecer os segredos de Vic Militello. Ela só não vai contar os truques do mágico...
Nenhum comentário:
Postar um comentário