“A contemporaneidade é uma das marcas da comédia de picadeiro. Seu humor é sempre contemporâneo, faz referência a fatos e temas atuais, usa jargões e gírias do momento. Apesar de fora do establishment, o excêntrico é atual, sabe que as suas referências serão conhecidas. Exemplo disso é a última peça encenada no Circo Piolin que aparece no Arquivo Miroel Silveira, de maio de 1958, assinada por Humberto Pelegrini: Piolin no planeta Marte. Em 1958, o tema das viagens espaciais estava em voga, especialmente por servir ao cinema americano para ilustrar a Guerra Fria. Filmes como O dia em que aterra parou (1951), O enigma de outro mundo (1951), A guerra dos mundos (1953), O mundo em perigo (1954), A invasão dos discos voadores (1956) e Planeta proibido (1956) deram sua contribuição ao imaginário popular da época.
Um ano antes da peça ser encenada, por exemplo, aUnião Soviética lançava a cadela Laika ao espaço depois do sucesso do satélite Sputnik. Na comédia, logo no início, uma dupla de cientistas busca um voluntário para enviar a Marte em troca de 500 mil cruzeiros, depois de ter enviado um macaco, uma cesta de gatos e duas dúzias de frangos. Fugindo da sogra, Piolin (ou Zé), bêbado, aceita seguir na viagem interplanetária. Ao chegar a Marte, é confundido com o rei do planeta pelo “lunático” (habitante da Lua) que vai desposar a fi lha do marciano; se aproveita da situação e acaba roubando-a no final. Mas é surpreendido pela sogra, que chega num outro foguete somente para desmascará-lo. A condição inicial do protagonista excêntrico é a estranheza, pois de início ele se coloca à mercê da cena, mas sempre cético em relação à situação. É por isso audacioso, pois não receia quebrar as regras, enfrentando o mundo a que julga não pertencer com ironia, humor e excentricidade. Sua resposta a qualquer situação estabelecida é sempre baseada no grotesco, comprometido que está em arrancar o riso da platéia. No caso da peça em que visita Marte, descrê da tecnologia e, assim, mantém um traço de Romantismo para resgatar uma ingenuidade atávica contra o “avassalador avanço técnico”. (...) É essa oscilação entre o contemporâneo (efêmero e atual, de onde extrai o humor) e o grotesco (condição do tipo excêntrico, que vive no limite entre o bom senso e o absurdo) que parece caracterizar Piolin em suas atuações. Algo que vai além de sua performance física e dos textos dramatúrgicos disponíveis para conhecimento e análise de sua obra encenada. Mas que pode ser analisado de forma científica a partir das Ciências da Comunicação.”
Um ano antes da peça ser encenada, por exemplo, aUnião Soviética lançava a cadela Laika ao espaço depois do sucesso do satélite Sputnik. Na comédia, logo no início, uma dupla de cientistas busca um voluntário para enviar a Marte em troca de 500 mil cruzeiros, depois de ter enviado um macaco, uma cesta de gatos e duas dúzias de frangos. Fugindo da sogra, Piolin (ou Zé), bêbado, aceita seguir na viagem interplanetária. Ao chegar a Marte, é confundido com o rei do planeta pelo “lunático” (habitante da Lua) que vai desposar a fi lha do marciano; se aproveita da situação e acaba roubando-a no final. Mas é surpreendido pela sogra, que chega num outro foguete somente para desmascará-lo. A condição inicial do protagonista excêntrico é a estranheza, pois de início ele se coloca à mercê da cena, mas sempre cético em relação à situação. É por isso audacioso, pois não receia quebrar as regras, enfrentando o mundo a que julga não pertencer com ironia, humor e excentricidade. Sua resposta a qualquer situação estabelecida é sempre baseada no grotesco, comprometido que está em arrancar o riso da platéia. No caso da peça em que visita Marte, descrê da tecnologia e, assim, mantém um traço de Romantismo para resgatar uma ingenuidade atávica contra o “avassalador avanço técnico”. (...) É essa oscilação entre o contemporâneo (efêmero e atual, de onde extrai o humor) e o grotesco (condição do tipo excêntrico, que vive no limite entre o bom senso e o absurdo) que parece caracterizar Piolin em suas atuações. Algo que vai além de sua performance física e dos textos dramatúrgicos disponíveis para conhecimento e análise de sua obra encenada. Mas que pode ser analisado de forma científica a partir das Ciências da Comunicação.”
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