quinta-feira, 14 de julho de 2011

Coisas do Ranchinho

Diésis dos Anjos Gaia é um nome que não diz muito, embora tenha sido com ele que o músico Ranchinho foi batizado em 1912. No final da decada seguinte já havia encontrado Murilo Alvarenga, com quem passou a se apresentar em circos. Mas foi somente em 1934 que o maestro Breno Rossi contratou a dupla Alvarenha e Ranchinho para se apresentar na Rádio São Paulo. Com o tempo a dupla, especializada em cantar tangos, se tornou impagável, se apresentando e cantando modas e paródias, entremeadas por piadas e causos. Subiram ao Morro da Urca, no Rio de Janeiro, onde funcionava o famoso cassino em 1936 e lá passaram uma década de muito sucesso, até o episódico convite de Getúlio Vargas paraque visitassem o Palácio do Catête para contarem as piadas ao principal personagem delas: Getúlio Vargas. Apesar de longa carreira juntos, a dupla se separou incontáveis vêzes. Numa delas, em 1961, Ranchinho encaminhou ao Departamento de Diversões Públicas do Estado de São Paulo um roteiro de esquetes chamado Coisas do Ranchinho para ser censurada e aprovada. O texto passou, mas somente uma piada mereceu o lápis vermelho da censura (foto). Segue o texto, na íntegra, da piada que desagradou ao censor Mário Francisco Russomano, em 10 de agosto de 1961, constante do processo DDP 5054, que integra o acervo do Arquivo Miroel Silveira, pertencente à Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes da USP:

Aquela vaca conversava com o boi e dizia:
"Venha, pula essa cerca aí."
O touro respondia:
"Não, com essa cerca de três metros de artura eu não vô lá..."
A vaca:
"Você é covarde."
O boi: "Então lá vou eu!" Pulou a cerca e caiu do outro lado e ficou deitado.
A vaca: "Levanta boi, esse sacrifício todo e você fica aí deitado? Levanta!"
O boi: "É, olha lá o que ficou pendurado na cerca..."



Nenhum comentário: