sexta-feira, 15 de julho de 2011

Clown ou palhaço?

A discussão é espinhosa e, pior, apaixonada. Numa mesa com a Cida Almeida, da Oficina Mazzaropi, e Raul Barreto (Raul das faca, segundo Plínio Marcos), dos Parlapatões, o debate acalorado. Porque se passou a chamar palhaço de clown? Para que se fugisse ao termo palhaço, banalizado pela infinidade de narizes vermelhos que embalam os buffets infantis? Ah, mas o filme de Fellini, italiano, não é Plagliacci, mas I Clown (no Brasil, Os palhaços)... (Talvez o motivo tenha sido adotar o nome em inglês para diferenciar o filme da ópera Pagliacci, de Leoncavallo.) Plagliacci, aliás, vem de palha, o homem de palha - por vestir a roupa de litras, como o tecido que reveste o colchão de palha. Clown vem do teatro inglês do século 16, personagem rústico, que ajudará a compor o "clown circense", inverso a este original, com roupas luxuosas e rosto pintado de branco - como o do Pierrot, este da Commedia dell'arte italiana, teatro de rua. Então poderia-se pensar no clown como o artista de rua e o palhaço como o de circo? Sim e não. Esse clown de circo, lembra Raul Barreto, é o que o circense chama de "clom" (não é sensacional esse termo?). Se pensarmos na tradição do riso que envolve as duas nomenclaturas - clown e palhaço - uma do teatro de rua e outra a do humor grotesco, que tem sempre por objeto os "baixos corporais" e seus "desdobramentos", o que se encontra é uma síntese e não um confronto. Cida Almeida aposta: "Defendo o nome clown e respeito toda a sua tradição dramatúrgica". Enfim, vale o riso. Deixe-se o nome de lado! Na foto, Raul Barreto: como clown ou como clom?

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