segunda-feira, 20 de junho de 2011

A família Pereira e o circo no Brasil

O Circo Zoológico Universal foi um dos mais luxuosos e completos a percorrer o Brasil durante o século 19. Construído pelo português Albano Pereira, que chega ao país em 1871 com o Circo Irmãos Carlo, estreia em Porto Alegre, em 1876, um imenso pavilhão (foto), que trazia, além do picadeiro para os números equestres - tradição do circo europeu - um grande palco, onde eram encenadas as pantomimas. Com isso Pereira angariou a simpatia até da Corte, onde se apresentou ao Imperador, o que o consagrou plenamente. Até uma fatídica tarde de 1903, quando, com o circo instalado em RioNovo (MG), saudando o povo que entrava para mais uma função, uma bala perdida o atingiu. Com sua morte, a esposa Juanita Pereira, premiada internacionalmente por seu número no trapézio e conhecida por ter a menor cintura do mundo, reúne seus filhos e continua tocando o circo. Um deles, Alcebíades, se torna um clown branco, palhaço com vestes luxuosas, músico hábil e que irá estrear circo com seu nome em 1917, em Campinas. A lona chega a São Paulo, ou melhor, ao Largo do Paissandu, em 1925, onde cumpre concorrida temporada que se estrende até o final da década, com Alcebíades contracenando com nada menos que Piolin, consagrado como o melhor palhaço brasileiro - pela imprensa, pelos intelectiuais e pelo público -, embora tivesse sido Alcebíades o vencedor, em 1925, do consurso de cômicos Tarde da Criança, promovido no Teatro Municipal de São Paulo. Em 1929 Piolin parte para uma temporada no Rio de Janeiro e o Circo Alcebíades é desmontado, seguindo em direção ao interior. Lá, o grande clown passa a se apresentar com seu filho, Albano Pereira Neto, que atua com o nome de Fuzarca. O retorno a São Paulo e o encontro de Fuzarca com o filho de Chicharrão, da família dos Queirolo, constitui a famosa dupla que iria estrear antes de qualquer outro palhaço, seja Carequinha ou Arrelia, na televisão brasileira. Torresmo e Fuzarca (foto) animavam o Circo Bombril, na TV Tupi, de modo que o neto do seu Albano cumpria seu papel de conduzir a terceira geração circense da família no Brasil, atravessando os principais períodos da história do circo brasileiro: a partir do espetáculo equestre, agregando o palco para as encenações, a passagem pelo Largo do Paissandu e a chegada à TV. Enfim, a família Pereira foi protagonista da história do circo, embora poucos estudiosos dela se lembre quando analisam a história do circo não a partir das famílias que a compuseram, mas dos personagens que a marcaram. No caso dos Pereira, é impossível deixar de mencioná-los em qualquer dos dois casos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bem lembrado meu avô era Reynoldo Pereira o palhaço paçoquinha teve vários circos percorreu toda a região sul do Brasil, pouca gente se lembra.

ALCIBIADES ALBANO PEREIRA disse...

Caro Jornalista. Acabei de ler sua matéria e sinto-me muito feliz. Meu nome é ALCIBIADES ALBANO PEREIRA. Sou filho de Albano Pereira Neto (FUZARCA)e neto de Alcibiades Pereira.