quinta-feira, 23 de junho de 2011

Antônio ia se casar

Depois que escrevi o post sobre São João, algumas pessoas me cobraram o de Santo Antônio, que teve seu dia comemorado no dia 13, inaugurando os festejos juninos. Antônio de Pádua, como é mais conhecido, é, na verdade, Antônio de Lisboa, cidade onde nasceu - iniciou seu noviciado em Coimbra -, embora tenha concluído sua obra na cidade italiana que guarda seus restos mortais. É considerado santo casamenteiro e sua imagem objeto de uma infinidade de simpatias para que arrume marido para as solteiras. Mas Portugal tem outro santo casamenteiro, São Gonçalo, a quem atribui-se também o dom de conceder fertilidade aos casais sem filhos. Santo Antoninho parece ter se popularizado mais no Brasil como casamenteiro - pois aqui São Gonçalo cuida dos violeiros. Por conta disso, o santo de Lisboa é dependurado de cabeça para baixo, posto de costas no altar, privado da companhia do menino Jesus que está em seus braços, coberto, vendado e outros castigos que têm por objetivo tirar de qualquer jeito do santo o milagre do casamento. Embora a devoção a Santo Antonio tenha diminuído nas últimas décadas, as simpatias continuam crescendo.
Há também o pão de Santo Antonio, distribuído nas missas e por pagadores de promessas, guardado pelo fiel junto ao pote de arroz para que garanta abundância à família. A prática deriva da lenda de que o santo teria oferecido toda a fornada de pães do convento de Pádua aos pobres e que o padeiro ao dar falta da produção, reclamou a Antonio que ela havia sido roubada. O santo pediu que olhasse melhor e, milagrosamente, os pães transbordavam dos cestos. No interior de São Paulo há o hábito entre as famílias ricas de prometer a Santo Antônio o mesmo número de quilos de seu peso em pães no seu dia, distribuídos aos pobres. Alceu Maynard de Araújo destaca que dos santos juninos somente Antonio é talhado em madeira, geralmente em imagens diminutas para que sejam carregadas pelos devotos em suas viagens. Em geral esculpem-na em nó de pinho, característica que gerou a quadra: "Meu querido Santo Antônio/feito de nó de pinho/com vós arranjo o que quero,/porque eu peço com jeitinho". Pra fechar, a marchinha junina de Osvaldo Santiago e Benedito Lacerda, Pedro, Antônio e João, imortalizada por Dalva de Oliveira e Hertivelto Martins em gravação de 1939.

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