A mística violeira também sempre privilegiou a figura masculina atrás das dez cordas. Foi o "violeiro" quem fez o pacto com o diabo para tocar bem, foi "ele" quem louvou São Gonçalo, o santo violeiro que tocava nas casas de meretrício para "ocupar" as meretrizes com a dança e o som da viola dedilhada, conforme reza a lenda. Mas e as mulheres? Inezita Barroso contou centenas de vezes sobre o preconceito que sofreu quando decidiu que iria dominar o instrumento dos tocadores interioranos. É bom lembrar que Inezita, antes de se decidir pela viola fez anos de conservatório musical, o que tornou sua opção mais escandalosa ainda...
No entanto, nada mais emblemático para desfazer tal preconceito do que a pantaneira Helena Meireles. Simplesmente porque ela, por gostar de tocar viola, largou o marido, abandonou família, e foi tocar... na zona! Se era a única condição para continuar dedilhando a viola, por que não escolhê-la? Hoje o universo da viola ganhou inúmeras outras violeiras. Juliana Andrade, por exemplo, é um dos destaques da nova geração. Apadrinhada de Inezita e de Praiano (que fez dupla com Tião Carreiro), Juliana começou a tocar aos 14 anos e seu primeiro CD, de 2002, gravado com Jucimara, traz composições de Raul Torres e João Pacífico, Lourival do Santos, Tião Carreiro e Piraci. Apesar do sobrenome, não tem parentesco com Renato Andrade. Mas sua habilidade lembra bastante o violeiro de Abaeté (MG).
Iniciante aos 11 anos, quando pediu uma viola de presente à mãe, a cuiabana Bruna da Viola teve inspitração precoce nos pagodes de Tião Carreiro, tocado pelos tios e avôs. Loira e de chapéu cowboy, parece que irá encadear mais um meloso batidão do chamado sertanejo universitário quando começa a dedilhar a viola e deixa a plateia boquiaberta. Aqui, interpretando o Pagode de Brasília, música que introduziu o ritmo criado por Tião Carreiro na música caipira.
Sim, a viola tem suas virtuoses. E parece que o grande cramunhão atende pelo nome de Tião Carreiro...
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