
Cará, cará, cará... pinhé! Não sei a origem da brincadeira. Para mim é o meu avô, Tibite. Rodeado pelos netos, estendia a mão com a palma voltada para baixo e pedia que cada um pegasse as costas da mão com os dedos em pinça (polegar e indicador), um em cima do outro. Logo, havia um cará pinhé de vários andares, com as crianças ocupando as duas mãos e rindo bastante. Pronto, ia começar. Balançando devagar para cima e para baixo, todos repetiam o "Cará, cará, cará..." Quando a maioria pensava que ia romper o "Pinhé!!!", meu avô prolongava a brincadeira, repetindo mais umas quatro ou cinco vezes o "Cará, cará, cará..." Até que, sob os risos da maioria, ele soltava: "Pinhé!!!" E todos soltavam as pinças e voltavam as palmas para cima, no desfecho triunfal. Claro que, com o tempo e a idade maior das crianças, havia sempre aquela - sim era sempre uma menina - que, no movimento de pinça, acabava beliscando as costas das mãos do companheiro de baixo, só para testar até quando ele aguentaria a maldade, se antes ou depois do "Pinhé!"
Descubro, anos depois, que Carapinhé se trata de um gavião, também conhecido por Carrapateiro, o que faz a minha imaginação levar a origem da brincadeira à cultura indígena, pois é claro que os dedos em pinça imitam a caça da ave, e o espalmar final das mãos, o vôo com sua longas asas. Obviamente, escolhi o nome pelo seu significado de brincadeira popular e não pelo da ave caçadora. Ou, para ser bem sincero, pela alegria de ter brincado de Cará Pinhé com meu vô Tibite, com meu pai, primos e irmãs, com a minha filha, meu enteado, e de ter ensinado isso a muitas outras crianças. Afinal, existe herança mais rica?
2 comentários:
Brincadeiras, como a do Cará Pinhé, é a herança mais preciosa, que o Vô Tibit, poderia nos deixar. Me sinto honrada, por ter vivido tudo isto, e mais ainda, por ter meu lado Tibit e poder fazer pessoas e crianças, rirem!(ou ficarem "P" da vida, comigo)rsrs
Pois é, irmã, essas e outras fazem parte do nosso "tesouro" familiar! Bj!
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