sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnaval paulistano: o bloco Moderado

Um dos blocos pioneiros do carnaval de São Paulo foi o Moderado, criado por um grupo de amigos da Água Branca, liderados pelos irmãos Auto e Ado Benatti, além de Luiz Mazolini. O grupo se reunia, por volta de 1927, no bar do seu Salomão, que ficava na esquina das ruas Duílio e Coriolano, e o nome Moderado era uma ironia, pois o grupo já era bem famoso por suas estripulias no bairro. Figura central na organização do bloco, Ado Benatti é personagem conhecido no universo da música caipira. Nascido em Taquaritinga, filho de um fabricante de balas e chocolates, começou compondo emboladas - assim como Raul Torres, um dos expoentes do mesmo gênero - fazendo carreira como cantor na década de 1930. Benatti mergulhou na música caipira a partir dos anos 1940, quando abandonou o canto e se dedicou à composição,assinando-as como Zé do Mato. Suas parcerias com a dupla Tonico e Tinoco lhe trouxeram sucesso, entre elas a moda Besta Ruana, de 1949. Assina pelo menos dois clássicos de circo-teatro: Mão criminosa, sucesso no circo de Tonico e Tinoco, e O filho do sapateiro.
Esse trânsito pelo meio artístico, pelo rádio e pela imprensa, fez com que seu bloco Moderado conquistasse espaço antes mesmo de estar pronto para o desfile. Era costume oferecer coquetéis aos jornalistas nos períodos pré-carnavalescos, o que se traduzia em inédia prática de um incipiente marketing. No entanto, o Moderado sucumbiu às mudanças do bairro no entrada da década de 1950. As indústrias foram se transferindo para regiões mais distantes e periféricas, levando com elas as populações das vilas operárias. Benatti continuou no mundo artístico até morrer em 1962.

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