Sua presença simpática incendeia. Sorri, afina a viola e, com tranquilidade, reclama ao microfone, conversando com a danada: "Afina, viola..." O ambiente é quente e ela demora a obedecer. Como diria Almir Sater, o violeiro passa metade da vida afinando a viola e a outra metade desafinando-a. Sem demora ele engata o ritmo, os dedos balançam as cordas e seus companheiros acompanham. São quarenta cordas balançando. O projeto Viva Viola, foram sessenta, pois, além de Pereira, reuniu os também mineiros Bilora, Joaci Ornelas, Wilson Dias, Chico Lobo e Gustavo Guimarães, sendo que no Mutirão da Cantoria, que aconteceu em 28 de janeiro passado no Instituto Florestan Fernandes, em Guararema. Pereira vem de carreira longa, desde 1984, cinco CDs, agora o sexto, é um entre os milhares de afilhados de Inezita Barroso e dono de uma sonoridade inovadora, sempre apoiada no folclore do Vale do Mucuri, norte de Minas. Traz ainda um senso político que não transparece na sua presença risonha, mas que está levando o movimento da viola para caminhos nunca dantes percorridos.
O CD novo, Pote, a melodia do chão é uma parceria com Wilson Dias e o poeta João Evangelhista Fernandes, que assina as 14 faixas. Perambula pelas veredas de Guimarães Rosa (Sagarana Ana), espia o universo feminino de Chico Buarque (Mulheres de Argila), e abraça a causa do Mutirão que, aliás, tem possibilitado a edição dos discos desses mineiros violeiros. A foto é de Paulo Pepe e, clicando nela, ouça-o dando sua versão do Bolero de Ravel.
3 comentários:
Esse Pereira é bão, mais é bão, mais é bão... quasi mió qui cachaça!!
Pp
Não preciso nem falar que esse é o violeiro que mais gosto. Ele realmente toca e canta divinamente bem.
Beijo amore.
Tb te amo.
Elaides.
Sei, sei... Tô de olho, viu?
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