quinta-feira, 28 de junho de 2012

Dércio Marques, ca (n) tador de cultura popular


Duas características destacam Dércio Marques do panorama musical brasileiro: seu apetite de pesquisador e a disposição em incluir no universo popular a musicalidade latina. A primeira delas fez com que fosse responsável por um grande levantamento da cultura musical popular. A segunda foi herança do pai uruguaio. Gravou seu primeiro disco em 1977 pelo mitológico selo Marcus Pereira e teve ainda o mérito de lançar nada menos do que o menestrel baiano Elomar, do qual gravou no disco de estreia Terra, vento, caminho, a canção As curvas do rio. A primeira vez que o ouvi tocar e cantar foi interpretando outra de Elomar, Peão na amarração, no final dos 1970, e foi talvez a primeira vez que entendi as possibilidades musicais da música popular de fato, não a chamada MPB. Isso porque conseguia trazer a tradição da música caipira, do interior. Mineiro, foi louvado por toda uma nova geração de violeiros das geraes, entre eles Pereira da Viola. Nos videos, a homenagem a quem se foi na última terça. O primeiro, uma participação no Sr. Brasil, de Rolando Boldrin, cantando Beira-mar, folclore do Vale do Jequitinhonha. O segundo, uma apresentação de gala, uma leitura erudita de Disco voador, de Palmeira e Biá. Em ambos, a voz inconfundível que fará muita falta.



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