sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Piruliteiro, peludo e... Bacalhau!

A mãe não queria que o filho seguisse a mesma vocação do avô: o circo. Afinal, ele havia caído no mundo, atuando como mágico em diversos picadeiros. Mas o filho Odair não seria picado pela mesma mosca azul. Mas, como prescreve o livro da vida, é só proibir para estimular. Pois não é que o Odairzinho, moleque de nove anos, passou a rondar os circos que passavam pela Freguesia do Ó, em São Paulo? A curiosidade o levava para os terrenos, pois queria ver de perto o que era aquilo. Aos 14 bolou um plano: venderia pirulitos e maçãs do amor no circo. Assim poderia circular entre os artistas. Mas a mãe descobriu e o levou de volta para casa pela orelha. Aos 18 não havia mais do que correr: entrou de vez no circo, virou peludo, o faz-tudo que carrega os equipamentos, levanta e desmonta a lona, limpa o chão, espalha a serragem. Dormiu no picadeiro, debaixo de lona, ouvindo o vento zunindo e a chuva caindo. Nessa época não era mais o Odair, era o Magrão. Tanto que é assim que muitos empresários ainda o chamam. Um dia, como podia ser previsível, pois é assim que acontece com todo aquele que tem de cumprir a sina de palhaço, o artista que animaria a matinê não poderia cumprir o compromisso. "Manda o Magrão cobrir!" E lá vai o Magrão vestir a roupa do palhaço. "E como vamos te chamar?" "Põe Bacalhau", disse, lembrando de uma brincadeira que existia entre peludos, de gritar: "Joga o Bacalhau em mim!" Dali para os 32 anos seguintes, Bacalhau não fez outra coisa: foi palhaço! E dos bons! Pois fui com ele hoje para Santos, para dividir comigo um programa de entrevistas, o Urbanidades, da Unisantos. Falei do livro "Mixórdia no picadeiro" e ele contou essa história que reproduzi acima. O programa vai ao ar amanhã. Mas postarei aqui na próxima semana. Eu e Odair Cazarin, ou melhor, o piruliteiro que virou peludo que virou Bacalhau. Ah! Sua mãe, hoje com 84 anos, teve de se conformar. Aliás, duas vezes: além de Bacalhau, outro filho também seguiu a mesma trilha, o palhaço Mingau!

Um comentário:

Anônimo disse...

Como o destino é lindo!

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