terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A madrinha de todos os violeiros

Quando decidi pesquisar a história da música caipira, e comecei ouvindo o depoimento de João Pacífico dado ao Museu da Imagem e do Som, estava claro que não demoraria a encontrar a madrinha de todos os violeiros, Inezita Barroso. De fato, como já contei aqui no blog, a encontrei num final de tarde memorável no finado restaurante Parreirinha, no centro velho paulista, onde me contou sua história, para gravação; e uma infinidade de fofocas do mundo artístico, somente para o meu deleite. Quando ligo a TV no final de semana para ver seu programa, me animo com sua disposição e abnegação em defender a música caipira, que ela gosta de chamar de música raiz. Quando fui ao programa falar do livro Moda Inviolada, em 2006, portando seis anos depois de entrevistá-la para a pesquisa, já havia me admirado com sua disposição, a despeito de sua idade. Hoje, aos 86 anos, completará mais um em março, segue à frente do programa, recebendo jovens e antigos violeiros, lançando novos talentos que, anos depois, retornam para pedir a "benção" da madrinha. Muitos deles se foram antes dela: Pena Branca e Xavantinho, Helene Meirelles, por exemplo, que cantaram a primeira vez para o grande público no seu programa. Em 2003 foi premiada com a Medalha Ipiranga, do governo do Estado, se tornando a Comendadora da Música Raiz; e, este ano, na votação do Juri Popular, ganhou o Prêmio Governador do Estado para a Cultura na categoria Música, com seis mil votos. Portanto, sua influência e referência para o universo caipira ainda são imensos! Por isso me incomoda quando, em época de aniversário de São Paulo, quando um ou outro órgão de imprensa decide escolher a "cara de São Paulo" e poucas vezes aparece Inezita. Pois ela é a cara de São Paulo. Por ter nascido na capital e por ter recebido a influência dos caipiras do interior, que conhecia por visitar as fazendas dos tios; por ter nascido em família rica e se dedicado à cultura popular; por cantar, com sua voz de contralto, a alma paulista e, enfim, por manter, com dignidade, a tradição sem deixar de olhar os talentos que despontam. Sem ser violeiro, peço também a mesma bênção à madrinha! 

Um comentário:

Anônimo disse...

Me permita também.
A benção, madrinha!

Pp