quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Viola campaniça, avó da nossa violinha

Pedro Mestre andou fazendo shows com o nosso Chico Lobo entre 2006/2008, num duo que além de promover o encontro de dois sotaques da viola, celebrou o passado e o presente desse instrumento tão entranhado na nossa cultura (afinal, as dez cordas foram estiradas por aqui desde o período colonial). O encontro de violas rendeu um CD com este mesmo nome. Pedro Mestre é um dos últimos defensores e tocadores da ancestral viola campaniça, típica da região portuguesa do Baixo Alentejo, com as mesmas dez cordas da viola caipira. É bem mais acinturada - chega a lembrar uma daquelas vedetes do teatro de revista brasileiro (este também trazido de Portugal e aqui aculturado) - fez história animando bailes rurais. É tocada com o polegar, sempre guarnecido com uma unha postiça feita com um pedaço de cana. Por tempos permaneceu guardada no tesouro das antigas famílias alentejanas, até ser redescoberta recentemente. A viola viveu época de ouro na Aldeia Nova ainda nos anos 1960, povoado consumido em 1971 pelas águas de uma represa. Um desses tocadores foi Chico Bailão, que acabou transmitindo a arte da campaniça para Pedro Mestre, jovem violeiro de Castro Verde. No III Encontro de Culturas, acontecido em 2006 na cidade de Serpa, em Portugal, Mestre e Lobo se encontraram, o que gerou um convite para o violeiro português conhecer a velha Minas Gerais. A visita foi retribuída no ano seguinte, quando ambos fizeram temporada pelas cidades portuguesas e decidiram gravar o CD. Para conhecer a sonoridade casada das violas, a avó campaniça e a neta caipira, o trecho de um show apresentado no Sesc de Bauru em 2007.

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