Piolin, cidadão de Taubaté?

É notório, hoje, que Piolin nasceu em Ribeirão Preto, quando o circo Americano de Galdino Pinto, seu pai, por lá encerrava temporada e arriava a lona para avançar até Uberaba, onde estrearia na sequência. O menino gestado por Clotilde Farnesi, hábil amazona, apeou com muito jeito, como diz aquela toada caipira. Mas era em Ribeirão. Ri-bei-rão. Eis que o repórter da revista O Cruzeiro, no início dos anos 1970, cometeu a gafe de escrever que Piolin nascera em Taubaté, terra de Monteiro Lobato e do Sítio do Pica-pau Amarelo. O erro passaria despercebido não fosse o Circo Piolin, empresariado por Francisco Honório Rodrigues, cumprir temporada na cidade do Vale do Paraíba. Temporada, aliás, fraca. Preparando-se para desarmar o circo, veio o convite da Câmara Municipal de Taubaté para que Abelardo Pinto Piolin participasse de uma sessão em que receberia o título de Cidadão Honorário da cidade. Ou seja, os vereadores haviam comprado a informação errada de que o palhaço nascera na cidade. Como havia um cachê na jogada, nada mais justo do que participar da homenagem para compensar a féria fraca da temporada. Foram lá, Piolin e o empresário, munidos de terno e gravata. Inicia-se a sessão e o vereador, autor da proposta, começa seu empolado e empolgado discurso. Numa certa altura, se dirige ao homenageado e brada:
- Abelardo Pinto Piolin! Me lembro como se fosse hoje! Minha mãe conversando com a sua mãe e nós dois, meninos, brincando na rua!
Piolin, conhecido por sua característica timidez e humildade, não se contém e solta, entredentes, ao empresário que está sentado ao seu lado:
- Como esse fdp mente!