segunda-feira, 30 de maio de 2011

Domingos Montagner: o palhaço que virou cangaceiro

"O palhaço é um tipo de humorista que trabalha com sentimentos muito simples. Acho que ele não faz divagações filosóficas e psicológicas, acho que não cabe a ele essa função. O humor do palhaço se refere a sentimentos dos mais simples e que todo mundo possui. Medo, sexo, potência. E a função é resolver algum problema. Só um. Se colocar mais de um já é muito assunto para palhaço." 
A definição, dada durante o evento Diálogos, promovido pelo Centro de Memória do Circo em parceria com o Núcleo de Pesquisa em Comunicação e Censura (NPCC) - Arquivo Miroel Silveira, da ECA/USP, é do ator e palhaço Domingos Montagner, durante o evento Entre risos e lágrimas - O teatro no circo (da pantomima aos dramas), que aconteceu entre outubro e dezembro de 2010. Aliás, a próxima fase do projeto acontece no segundo semestre de 2011, quando se dedicará às comédias de picadeiro.
Montagner dialogou com o pesquisador e professor doutor Mário Bolognesi, autor do livro Palhaços, essencial na bibliografia de quem estuda as artes circenses. O ator traz a experiência da Cia. La Mínima, de São Paulo, que estreou o espetáculo Reprise, em 2008, que reúne uma série de entradas de palhaços, coletada por meio de pesquisa realizada por Montagner e Fernando Neves, a outra face da dupla. 
“Dentro do trabalho do La Mínima, estamos cada vez mais investigando essa dramaturgia do palhaço, tentando pegar essa estrutura dramática das reprises, dos personagens, para compor o nosso trabalho e chegar no que a gente chama de um teatro popular, que é baseado no palhaço. No Brasil, o circo é o grande responsável por levar o teatro à população e o palhaço alcançou aí, ao nosso ver, uma dimensão muito grande. O que inclui sua capacidade dramática de ir do melodrama à comédia com uma facilidade muito grande." No início do ano Montagner foi escalado para a novela das seis da tarde da Globo, Cordel Encantado, onde, magicamente, deixou as feições de palhaço para encarnar um carrancudo cangaceiro - de maneira muito competente, diga-se - conquistando o público televisivo. Mas quem o viu em ação no Circo Zanni, por exemplo, consegue ver sob a máscara do bandoleiro a bailarina atrapalhada que, na cama elástica, disputa espaço com a outra bailarina, desempenhada por Fernando Neves...

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