Descobri Lula Côrtes há uns três anos, no máximo, e me encantei com os mantras desfiados no LP Sattwa (1972), que gravou com Laílson, com destaque à hipnótica Valsa dos cogumelos. Depois, me encantei com o LP Paêbiru - O caminho da montanha do sol (1975), onde a voz de Zé Ramalho desenha tortuosamente a Trilha de Sumé, que parte da Pedra do Ingá, na Paraíba, em direção ao Grande Mistério, para lá do Oceano Pacífico... Musicalmente, Côrtes foi o primeiro a enredar a músida popular nordestina com as gradações espirituais da música oriental e com as guitarras, algo que se tornou quase regra dali para a frente, vide o próprio Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo. Aliás, não é à toa que todos eles estão em Paêbiru... O disco, de tão raro, chegou a ser vendido a R$ 5 mil nos sebos nacionais.
Pois Lula Côrtes agora deixa o mundo para seguir definitivamente a Trilha de Sumé... Deixa uma obra imprescindível, que, pelo psicodelismo promove a mistura musical e cultural (popular, erudito e massivo), com resultado agradável e inesquecível. Para entender melhor a proposta do grupo liderado por ele, veja o trailer do filme Paêbiru - Nas paredes da pedra encantada, documentário de Cristiano Bastos e Leonardo Bonfim.
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