quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Benedito Sbano, Picoly e o motorista
Apesar de pesquisar sobre circo há pelo menos cinco anos, somente em 2010 conheci o sr. Sbano. Ele me conheceu como seu motorista naquele dia de reunião no Centro de Memória do Circo. Tinha a tarefa de buscá-lo, embora não o conhecesse, a não ser pela voz firme ao telefone. No caminho, o assunto não poderia ser outro: circo-teatro. A família Sbano é muito tradicional, especialmente porque é de origem cigana. Aliás, organiza duas vezes ao ano uma bela festa cigana no Horto Florestal, zona Norte de São Paulo. Foi dona do Circo Theatro Sbano, que atuou por anos na Vila Prudente (zona Leste), comandado pelo Capitão, sr. Zurka Sbano.
Eu falava das peças que estavam no Arquivo Miroel Silveira (ECA/USP), cerca de 1.080, e ele me desafiava a dizer o nome de alguma que ele não conhecesse. Depois daquele dia de chofer tive a oportunidade de conversar bastante com o sr. Sbano, um prodígio de memória tanto de fatos quanto de textos inteiros de circo-teatro. E tive a oportunidade de conhecer Picoly, palhaço excêntrico que nasceu em 1957 e que, no corpo de 83 anos do sr. Sbano, está a tripudiar sobre seus parceiros de picadeiro ainda hoje. Como motorista temporão, posso dizer: sua atuação é de fazer perder o rumo. De tanto rir!
Sua performance como palhaço é precisa, no sentido de precisão requerido pelo tempo do circo: exatidão no diálogo, graça no improviso e desfecho da piada na hora certa.
Nos encontros realizados no Centro de Memória do Circo contou que numa ocasião foi questionado por uma repórter sobre quem precisava mais de quem, se o Picoly do Benedito ou o Benedito do Picoly. Não teve dúvida, ficou com a segunda opção. Nunca o vi representar, mas dizem que é um ator fenomenal que nunca foi convidado para atuar na televisão ou no teatro - a não ser, claro, no circo-teatro. Aliás, chegou a fazer TV sim, como consultor da novela Explode Coração, cujo núcleo principal era formado por ciganos. No final de 2010 levou o Prêmio Governador do Estado e participou do projeto "Entre risos e lágrimas - O teatro no circo (da pantomima aos dramas)", promovido pelo Centro de Memória do Circo e pelo Núcleo de Pesquisa em Comunicação e Censura - Arquivo Miroel Silveira, da ECA/USP.
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