quinta-feira, 21 de junho de 2012

Série Momento do Compositor: João Pacífico, com Raul Torres

Ficheiro:João Pacífico.jpg08.jpgPuxa vida, já é quinta e ainda não consegui postar o compositor apresentado no domingo passado no programa de Danilo Darós na rádio Planalto! E justo ele, o compositor dos compositores do gênero caipira, João Pacífico! Quando tomei a decisão de escrever a história da música caipira, em 1998, e contar como ela foi se transformar na chamada música "sertaneja" a partir da incorporação de influências musicais de gêneros estrangeiros (guarânia, rancheira, country, etc.), decidi começar por João Pacífico, o compositor de Cabocla Tereza, que tanto ouvi durante a minha infância, especialmente com a declamação dos versos iniciais pelo meu pai. Soube que havia um depoimento no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo e para lá fui. Passei uma agradável tarde ouvindo as histórias do compositor nascido em Cordeirópolis - "se chamava Cordeiro, pois lá havia um homem que fazia cordas; depois mudaram o nome para Cordeirópolis", conta - a temporada em que trabalhou nos vagões da Sorocabana como "ajudante de lava-pratos", onde, aliás, conheceu o porta modernista Guilherme de Almeida, que o recomendou a Paraguassu. Ao chegar à rádio Cruzeiro do Sul não encontrou o seresteiro, mas topou com Raul Torres, a quem ofereceu uma embolada de sua autoria. Começou aí uma parceria que se estendeu por longos anos, ponteada de sucessos, entre eles as toadas históricas Chico Mulato e Cabocla Tereza, além de Pingo d´Água, que lhe rendeu o Disco de Ouro, e Mourão da Porteira, todas elas reproduzidas no programa de Danilo Darós. Mourão da Porteira era a preferida de Guilherme de Almeida, que ressaltava a apurada poética de Pacífico ao usar uma metáfora tão simples e tão profunda... Ao final da tarde, envolto pela dicção do compositor, aliás, um esplêndido recitador de seus próprios versos, saí do MIS decidido a aprofundar a pesquisa e, especialmente, em ir até Guararema ouvir o próprio João Pacífico, que lá vivia. Qual não foi minha surpresa quando, dois ou três dias depois, recebo o e-mail do crítico teatral Valmir Santos me contando que Pacífico não mais estava entre nós... Mesmo assim, sua voz percute em todas as páginas do livro Moda Inviolada - Uma história da música caipira. Para reencontrar essa voz, a seguir o próprio, com Adauto Santos. cantando o Chico Mulato. E depois Tonico e Tinoco interpretando o compositor. Na próxima semana tem mais João Pacífico, dessa vez cantando suas modas e toadas no período posterior à dupla Raul Torres e Florêncio (este último, vale ressaltar, foi quem fez a maior parte dos arranjos das composições de Pacífico gravadas pela dupla).



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