quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Picolino para Governador do Estado!

Não, um palhaço jamais usaria da violência a não ser para dar a sonora bofetada no seu parceiro de cena. Jamais para fazer cumprir um dispositivo legal envolvendo milhares de famílias e a reintegração da posse de uma área de terreno. No mínimo trocaria os cassetetes, as bombas, as balas de borracha, por duas ou três entradas curtas e fulminantes que valeriam o dia, o que abriria margem para outras formas de resolver contendas sociais daquele tipo. Picolino, por exemplo, sairia com isso. Ele que enfrentou ladrões, que foi a Marte, que desafiou fantasmas, e que se saiu bem de todas essas situações, todas elas passadas num picadeiro - o lugar mais perigoso do mundo, como diria um personagem de um filme francês - faria bem melhor que o patrono do prêmio que ganhou na terça passada. Se não como um "executor", ao menos como um conselheiro. Certamente Picolino já fez das suas em São José dos Campos, mas sempre com a elegância que seu colarinho folgado permite.
Discordo quando dizem que os políticos são palhaços. E daqueles que, na sequência, corrigem, dizendo que palhaços são, na verdade, os eleitores. Não se trata de corretismo político, mas de dar o mérito a quem de direito. Picolino é palhaço. O que lhe dá o direito de ser o que quiser sem precisar tirar a pintura do rosto. Como ele replica toda vez que declama seu poema do palhaço, não há lógica em usar o termo de forma pejorativa, isso quando o próprio palhaço não tem nem o "direito de sofrer". O mesmo governador que está no nome do prêmio ganho por Picolino tem a chance de reconsiderar. Aliás, se não o fizer, corre o risco de ser convencido por Picolino, assim como ele fez com o rei de Marte, assumindo seu posto e dando um jeito nos problemas marcianos. Afinal, Picolino, que atende às vezes por seu Roger (Avanzi), aos 89 anos, pode se orgulhar da generosidade de premiar com suas histórias aqueles que se dispõem a ouvi-lo.

Contextualizando: Antes do anúncio do ganhador da categoria Circo do Prêmio Governador do Estado de Cultura, na terça passada, foi lido pela diretora de cinemas Juliana Rojas um manifesto contra a atitude do governador ao autorizar o uso da força na desapropriação de uma área  localizada em São José dos Campos, chamada Pinheirinho, desalojando mais de mil famílias. Logo em seguida o governador chegou à solenidade. Picolino estava lá, pacientemente, aguardando a divulgação do seu nome. Já a foto do post é do Luiz Alfredo. Quanto às estripulias do palhaço no planeta vermelho se trata da farsa "Picolino em Marte", uma de suas mais famosas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que delícia de texto, Amore. Que o prêmio seja dado por seus devidos méritos. O Picolino já recebeu o seu, quanto ao governador...

Beijo,

Elaides.