
Desde o início do mês venho publicando
posts sobre filmes do período inicial do cinema falado com temática caipira. Quero concluir essa fase com os dois filmes produzidos por Conélio Pires, escritor e contador de "causos" que teve o mérito de ser o primeiro a gravar a chamada moda de viola, em 1929. Alguns pesquisadores o acusam de fazer "cavação", ou seja, incluir no filme imagem daqueles que pagam para isso, o que era muito comum à época na produçãio desse tipo de documentário, espécie de crônica de viagem mostrando aspectos curiosos da cultura local. Mas, os mais familiarizados com o autor de
Musa Caipira (livro de 1910), que popularizou poemas escritos no linguajar caipira, sabem que tudo que Cornélio pôs a mão deu prejuízo... Não foi diferente com
Brasil Pitoresco - Viagens de Cornélio Pires, produzido em 1925 pelo caipira, com operação de imagens de Flamínio Campos Gatti. Na ficha da Cinemateca Brasileira aparece José Palácios na operação. Mas na biografia
Cornélio Pires - Criação e riso, de Macedo Dantas, a produção é descrita detalhadamente, com Gatti à câmera, sendo, aliás, sua doença, o motivo pelo qual ele abandou a viagem pelo meio, dando por encerrada a produção. O filme começa no monumento do Ipiranga, em São Paulo, mostra a Bolsa do Café em Santos, a Baía de Guanabara, Vitória, o centro de Salvador, jangadas de pescadores, galos de briga, visita ao Recôncavo baiano, fábrica de charutos em São Félix, criação de gado em Feira de Santana, a zona açucareira, e a pesca de mariscos em Aracaju. Lançada em janeiro de 1926 no Cine República, em São Paulo, a fita atraiu um contingente de curiosos e caiu no esquecimento. Foi resgatada em 1959, quando exibida no Cine Bandeirantes, em Tietê (SP), durante a I Semana Cornélio Pires, evento que passou a acontecer anualmente após a morte do autor em sua cidade natal. Em matéria publicada na
Folha da Manhã, destacou-se o mal estado em que a cópia se sencontrava, carecendo já de restauro. Quase dez anos depois da primeira aventura cinematográfica Cornélio se arrisca novamente e produz
Vamos passear? (1934), que estréia no mesmo ano também no Cine República. Dessa vez filmada com movietone, para registro sonoro, a fita percorre o interior de São Paulo, mostrando cenas folclóricas, violeiros e cantadores, entre eles a dupla Mandi e Sorocabinha, gravada em 1929 juntamente com a Turma Caipira Cornélio Pires. Diz a edição do jornal
O Estado de S. Paulo em 1 de novembro de 1934: "
Essa fita (...) está cheia de aspectos curiosos de nossa terra. É de fato uma fita educativa. O escritor patrício pelo interior está percorrendo o seguinte itinerário (...) Esta fita será ampliada e depois exibida nesta capital".
3 comentários:
Sou fã da música sertaneja de raíz. Coleciono todos os discos, principalmente os gravados desde 1929. Gostaria de saber aonde encontrar o documentário: Vamos Passear, de Cornélio Pires e que esteja disponível pra baixar. A nossa vida é curta porisso tenho pressa. Me sentirei muito feliz se me ajudar. Obrigado e que DEUS te acompanhe. Waldomiro, de Curitiba-Pr
Não tenho notícias de que este filme esteja disponível na internet. Como mencionei no blog, há uma cópia na Cinemateca Nacional e outra com a família do Cornélio Pires em Tietê. Se tiver notícias, pode deixar que te encaminho! Grande abraço! Walter
Muito obrigado pela atenção. Peço que DEUS nos ajude e que a gente consiga. Muita gente vai curtir e adorar esse documentário, porque faz parte da história da nossa música sertaneja raíz. Meu E-mail é waldows@hotmail.com , Um abraço e Fiquem com DEUS.
Waldomiro Silva dos Santos
Curitiba-Pr
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